Estávamos cansados, com fome e sede. Passamos um dia inteiro em condições que é melhor nem comentar.
Já estava escuro quando chegamos em uma pequena vila, a primeira depois de muitos e muitos quilômetros. Sem muita opção, resolvemos procurar um teto para passar a noite. Batemos na porta de uma casinha de madeira (todas ali eram de madeira), e esperamos alguém aparecer. Tivemos tanta sorte, que logo nessa casinha tinha alguém que falava inglês e de bom coração.
Explicamos para ele a nossa situação, e pedimos se poderíamos passar a noite na sua casa . Ele nos disse que não, já que sua esposa tinha dado à luz a apenas 2 dias e segundo a tradição deles, nenhum estranho poderia entrar na casa pelos próximos 3 dias. Mas, disse que poderíamos ficar na casa do pai dele, se não nos importássemos porque a casa era pequena. É claro que não nos importávamos.
Ele nos levou lá e uma outra mulher da família foi junto para ajudar a arrumar o lugar. Era uma casa muito simples, de um só cômodo. Não tinha mobília, nem eletrodomésticos, só um tocador de DVD portátil. A comida era feita no chão em algo como uma fogueira. Eles tinham energia elétrica de painéis solares.
Nós pedimos se eles tinham alguma comida, qualquer coisa e a mulher começou a fazer fogo para cozinhar algo só pra gente. Falamos que não precisava, mas ela fez mesmo assim. Fez arroz e um cozido com vegetais frescos, um pouco de carne seca, cogumelos e é claro, pimenta! Comemos com muita felicidade enquanto tentávamos manter uma conversação com eles. O pai e a mulher não falavam nada de inglês, mas conseguimos falar um pouco em lao.
Dormimos embaixo de um mosqueteiro, em uma esteira no chão e olha que estava melhor do que muitas camas de hotel que dormimos por ai.
Acordamos cedo no outro dia e fomos conhecer o bebê novo, que agora podia ser visitado. Ele era tão pequeno. A mãe parecia cansada, imagine só, ela teve o filho ali, sem hospital nem médico!
A mulher da outra casa fez mais comida pra gente, e outras pessoas da vila se reuniram lá para nos conhecer, todos bem curiosos. Nenhum falava inglês, mas nos comunicamos um pouco por sorrisos e gestos.
O Luigi se divertiu brincando com algumas crianças que estavam na casa.
Nós deixamos algum dinheiro com eles, mas não acho que eles nos ajudaram por isso. Fiquei muito emocionada com tudo o que essas pessoas fizeram por nós e com o carinho com que nos trataram. Queria abracar a mulher, mas acho que seria meio estranho porque eles não costumam ter esse tipo de demonstração de afeto.
Foi uma das melhores experiencias que tivemos no Laos e eu sempre vou lembrar dessas pessoas com muito carinho.